Monday, August 13, 2012

ODEON, FERMATA & RGE compilation albums

By mid-1964 all record labels already knew there was money to be made with Italian-compilation albums. Following RCA Victor's lead in the field EMI-Odeon released 2 albums in that year: 'Musica giovane dall' Italia' which spawned a #1 (Richard Anthony's 'Cin cin') and two Top-10 entries: Richard Anthony's 'Per questa volta' and Pino Donaggio's 'Motivo d'amore'. 
a Odeon lança 'Musica Giovane dall' Italia' com 'Cin cin' (Richard Anthony) que foi p'ro 1o. lugar da Parada; 'Parlami d' amore Mariù' regravação de Peppino Di Capri; 'Per questa volta' (Richard Anthony) e a sinfônica 'Motivo d' amore' do inspiradíssimo Pino Donaggio
'Musica giovane dall' Italia' - MOFB-265 - 1964

1. Ti guarderò nel cuore - Tony Renis
2. Cin cin (Cheat cheat) - Richard Anthony
3. Motivo d'amore - Pino Donaggio
4. La vela bianca - Gilbert Becaud
5. Pietà - Vasso Ovale
6. Parlami d'amore Mariù - Peppino Di Capri

1. Per questa volta (Too late to worry) Burt Bacharah-Hal David; v.: Mogol-Garavaglia - Richard Anthony
2. Se ritornerassi - Gilbert Becaud
3. 8 1/2 (Otto e mezzo) - Tony Renis
4. Il domani è nostro - Pino Donaggio
5. È l'uomo per me - Milli Nobili 
6. Torna piccina mia - Peppino Di Capri 
Pino Donaggio's 'Motivo d'amore'; Richard Anthony's 'Cin cin'.
'Per questa volta' was Anthony's 2nd hit in a row; Gilber Becaud sings in Italian too.
'Itália' - segunda coletânea da Odeon de 1964 com o classico 'Come sinfonia' (Pino Donaggio); 'La mia festa' (Richard Anthony) versão de 'It's my party'; 'Pera matura' (Pino Donaggio) que teve versão aqui por Ronnie Cord e 'Il mio mondo' (Richard Anthony) do inspirado Umberto Bindi.
'Italia' - MOFB-304 - late 1964

1. Come sinfoniaPino Donaggio
2. Nun è peccato – Peppino Di Capri
3. Amor – Tony Renis
4. La mia festa (It’s my party) – Richard Anthony
5. Sulla spiaggia non si può – Vanna Brosio
6. Morire a Capri – Gilbert Becaud

1. Il mio incubo – Peppino Di Capri
2. Pera matura – Pino Donaggio
3. Il mio mondo (Bindi) – Richard Anthony
4. Toi – Gilbert Becaud
5. Così  (Vicino a me) – Marcellino
6. Il cuore a San Francisco – Nicola Arigliano
LPs de coletâneas de sucessos italianos não eram exatamente algo inusitado, pois isso já acontecia desde a 1a. Invasão Italiana, aquela capitaneada por 'Nel blu dipinto di blu' em 1958, mas a partir de 1963 esses LPs se tornaram campeões-de-vendagem. Sendo assim, a Fermata lançou 'Dolce Vivere' em 1964, sendo 'Non lo farò mai più' com a novata Isabella Ianetti, a música mais tocada. Me lembro que tocava muito no programa 'Telefone pedindo bis' de altíssima audiência da Radio Bandeirantes de São Paulo, do DJ Enzo de Almeida Passos. Só a título de curiosidade: 'Non lo farò mai più', é, na verdade uma versão de 'Chain gang' de Sam Cooke

Os italianos tinham esse péssimo costume de fazerem versões de sucessos norte-americanos e não darem crédito aos verdadeiros autores. Isso até que Ben E. King meteu um baita de um processo contra Adriano Celentano que roubou seu 'Stand by me' e a transformou em 'Pregherò'. Depois do processo, tiveram que pagar um bagatela ao King... mas vergonha, que é bom, eles nem ligaram... 
Fermata tinha contrato para distribuir os discos da Durium italiana no Brasil.  Contra-capa do 'Dolce Vivere', onde se vê um LP de Adriano Celentano, o cantor mais popular da Itália, mas que, misteriosamente, nunca conseguiu fazer sucesso fora de seu país. O mesmo fato curioso se passou com Mina, sem dúvida a maior cantora italiana. Mina nunca conseguiu um sucesso siquer no Brasil. E não foi falta de divulgação, pois 'Studio Uno '65', que Mina comandava, chegou a ser televisionado todas quarta-feiras pela TV Tupi no início de 1966.
'Eletrizzante', coletânea italiana da RGE

RGE representava a CGD - Compagnia Generale di Dischi, cuja principal figura era a jovem Gigliola Cinquetti, que venceu o Festival di San Remo em 1964 com a chorosa 'Non ho l' età' (Per amarti) (Não tenho idade para amar-te). Na falta de outros campeões, a RGE bisa e trisa Gigliola com 'Il primo bacio che darò' e 'Sei un bello ragazzo'. 

1 9 6 5 

até a Mocambo entrou na 'tarantella' fonográfica italiana, lançando 'Un giro in Italia' em 1965.
'Quem não tem cão, caça com gato!' - Mocambo lança um LP de 'covers' com cantores desconhecidos. Afinal, guerra é guerra e a 'nanica' pernambucana não poderia ficar atrás. Sucessos de Rita Pavone (Sul cucuzzolo), John Foster (Amore scusami), Mina (Città vuota) foram rapidamente gravados por terceiros e quartos...
Fermata do Brasil tinha contrato para prensagem e distribuição de várias etiquetas italianas, entre as quais a pequena Style. Em Outubro 1965, aproveitando o sucesso estrondoso de 'Amore scusami' do cantor-jornalista John Foster, nome-de-guerra de Paolo Occhipinti, colunista da revista 'Oggi', a Fermata lançou esse longa-duração com maioria de cantores desconhecidos.

A grande novidade foi a inclusão do brasileiro Juca Chaves cantando 'Pequena marcha para um grande amor' em italiano. Chaves tinha se auto-exilado desde 1963, temeroso que certa camarilha de militares do Exercito Brasileiro o prendesse ou assassinasse, já que Juca tinha 'zombado' da 'honra' do Exercito em uma paródia chamada 'Brasil já vai a guerra', onde o Juquinha denunciava alta corrupção entre a elite fardada na compra de um porta-aviões inglês sucateado... 'Um viva p'ra Inglaterra de oitenta e dois bilhões... ai que ladrões!'  Depois dessa musica, Juquinha achou melhor procurar segurança lá pelas Europas, vivendo um tempo em Portugal. Depois, achando melhor sair da terra de Salazar, foi para a Italia, onde ficou relativamente conhecido, tendo gravado um LP inteiro para a Style.
Realmente, essa coletânea não tem nada de especial, exetuando o John Foster e Juca Chaves. Talvez a inclusão de 'Goldfinger', mega-sucesso de Shirley Bassey do filme de mesmo nome, mas aqui defendido por Vanna Scotti, uma total desconhecida

1. Arriverderci amore mio – John Foster
2. Stasera partiro – Nelia Bellero
3. Piccola marcia per un grande amore – Juca Chaves
4. Meritero il tuo amore – Robert Giamba
5. Amore scusami – John Foster
6. Tu vivevi per me – Leo Sardo

1. A gonfie vele – John Foster
2. I giorni miei – Nelia Bellero
3. Se tornerai – Roberta Giamba
4. Ho visto pregare il mio amore – Vittorio Bellani
5. Goldfinger – Vanna Scotti
6. Bistecche e spinaci – I Mimmo’s

leia mais sobre essa coletânea em: https://toquemusical.wordpress.com/2011/11/23/a-gonfie-vele-196/#respond
Por causa de 'Brasil já vai à guerra' (vide letra no final da página), Juca Chaves têve que se exilar na Europa. Aqui ele  ao lado de Sergio Endrigo na Italia em 1964.
aqui o compacto-simples de Juca Chaves pela Fermata com 'Piccola marcia per un grande amore' em italiano. O original em português tinha sido lançado pela Odeon em 1962.
45 giri italiano com Juca Chaves.
Coletânea da Fermata com sucessos apresentados no Festival di San Remo de 1965, gravados pela Ri Fi italiana.
contra-capa do LP da Fermata/RI-FI com as melhores de San Remo '65.
compacto-simples da Fermata, com Mina cantando 'Se piangi, se ridi'.

Mina era a mina de ouro da RiFi. Mina não participava do Festival pois não precisava de publicidade; ela tinha programa semanal na TV estatal italiana quando bem quisesse, mas sempre assistia o Festival pela TV e escolhia suas favoritas, que não eram, necessariamente as finalistas. Aqui, por mero acaso, Mina canta 'Se piangi, se ridi', a vencedora de San Remo '65, defendida por Bobby SoloTony Dallara, que foi quem praticamente introduziu o rock na Península, canta 'Io che non vivo', de Pino Donaggio e o maestro Augusto Martelli, que era o namorado de Mina na época, dirige sua orquestra em 'Le colline sono in fiore' e 'Prima o poi'.  

Na verdade Mina teve um pequeno sucesso entre nós com 'L'uomo per me', que vinha de 'Studio Uno '65'. Mais tarde, nos anos '70 Mina apareceu junto a Alberto Lupo com 'Parole, parole', mas aí já é outra história.
1966

ex-radialista de São Paulo, produtor Miguel Vaccaro Netto vai a San Remo em 1966 e lança um LP 'ao vivo' com as principais musicas do certame, que ele gravou diretamente das transmissões da Radio Monte Carlo. 
Miguel Vaccaro Netto, radialista, produtor de discos, agitador cultural era inimigo figadal de Walter Silva, DJ que dominava as 'air-waves' com o programa 'Pick-up do Pica Pau', que foi instrumental na nova tendência de se lançar discos de shows de bossa-nova gravados 'ao vivo' no Teatro Paramount de São Paulo.

Walter Silva produziu vários shows de bossa-nova em São Paulo a partir de 1963. Geralmente eram shows organizados por centros acadêmicos universitários, que foram se tornando cada vez maiores e mais elaborados. Em 1964, Walter produziu 'O Fino da Bossa', show no Teatro Paramount, que foi gravado pela RGE, lançado como long-playing indo para o 1o. lugar absoluto assim que chegou às lojas. 'O Fino da Bossa' transformou em sucesso musicas como 'Onde está você?' com Alaíde Costa'Tem dó', com Ana Lucia e 'Desafinado' com Wanda Sá. Até as participações jazzísticas do Zimbo Trio e o Quinteto de Oscar Castro Neves eram tocadas no radio. O sucesso foi fenomenal... e outros albuns 'ao vivo' começaram a aparecer. Isso tudo culminando em 1965 com 'Dois na Bossa' com Elis Regina & Jair Rodrigues que bateu todos os recordes de vendagem no país.

Tendo isso em mente, Vaccaro partiu para a Península com a intenção de gravar o Festival di San Remo. Na verdade o Miguel não precisou gravá-lo fisicamente, pois uma radio de Monte Carlo já o fazia. O que Vaccaro fêz, foi conseguir uma cópia da fita e lançá-la em formato de LP aqui no Brasil.

Só que havia uma grande diferença entre o público universitário paulistano, que se incendiava ao final de cada número de bossa-nova, e o frio público italiano que assistia as apresentações do Festival no Cassino di San Remo. Então, o que se escuta nesse LP é um desfile de músicas bem cantadas ou tocadas, mas sem o ardor e a vibração que um disco 'ao vivo' deveria ter. Mesmo assim não deixa de ser louvável que um LP assim exista, já que os italianos nunca se importaram com musica 'ao vivo'. Aliás, o público italiano nunca foi muito afeito a LPs, sempre preferindo os compactos-simples, lá chamados de 45 giri. 

A vencedora de 1966 foi a chorosa 'Dio come ti amo', defendida pela chorona Gigliola Cinquetti. Tudo muito morno e com pouco tempero. A melhor gravação aí, na minha opinião, é 'Il ragazzo della Via Gluck' com Adriano CelentanoCaterina Caselli, que foi a grande sensação de 1966, canta 'Nessuno mi può giudicare' com verve, mas não é lá uma musica que exceda as expectativas. A gravação 'ao vivo' não consegue captar a 'garra' que a gravação de studio tem.

Milva, por ter uma voz metálica, sai-se melhor com 'Nessuno di voi', uma balada apenas regular, mas que se agiganta na voz da 'Tigre di Cremona'

Valeu o esforço do Miguel Vaccaro Netto. Não aconteceu nada do que ele esperava, pois o disco não tocou no radio, nem deve ter tido uma vendagem 'monstro'. Até hoje ainda não se tornou um 'item-de-colecionador'... mas deveria, pois esse disco é único; não há similar e deveria ser mais valorizado.
contra-capa de LP de Juca Chaves lançado pela Style na Italia em 1966.

Il primo album in italiano di Juca Chaves, cantautore brasiliano che nel 1964 venne in Italia con le sue canzoni umoristiche e non. Non ebbe molto successo ma il suo modo strano di cantare unito al suo accento particolare, fece sì che il pubblico di appassionati di musica leggera lo notò. La Style - etichetta italiana - lo affidò a Giorgio Calabrese, col quale collaborò - con fasi alterne - per un paio di anni. Ritornò in Italia verso il 1970, quando l'attenzione verso un certo tipo di musica era sicuramente più ricettiva. Ma il grande successo, quello vero, da noi non gli arrise mai. Eccolo, quel famoso album del 1966. Texto de Vampiro.

Juca Chaves - Juca Chaves 1966

1.  Piccola marcia per un grande amore (G.Calabrese-J.Chaves)
2.  Cantata per la contessa Alessandra (G.Calabrese-J.Chaves)
3.  Vieni con me a Rio (G.Calabrese-J.Chaves)
4.  Ah, Lucia, se sapessi ...(G.Calabrese-J.Chaves)
5.  E' vero ti amo (G.Calabrese-J.Chaves)

1.  O naso mio! (G.Calabrese-J.Chaves)
2.  Menina (G.Calabrese-J.Chaves)
3.  Cantiga d'amor (G.Calabrese-J.Chaves)
4.  Per chi sogna Annamaria? (G.Calabrese-J.Chaves)
5.  Il vs. aff.mo Juca (G.Calabrese-J.Chaves)

1968

San Remo 1968 - Discos Som / Maior
com a Orquestra de Vittorio Paltrinieri da C.D.M. Telerecord

'Canzone per te' do magnífico Sergio Endrigo venceu o Festival di San Remo de 1968. Para nós, brasileiros, foi algo importante, pois Roberto Carlos, a figura musical mais popular do país, teve a suprema sorte de estar na 'dobradinha' com Endrigo, e assim levou parte dos louros recebidos pelo grande compositor-cantor.

Fora o fato de 'Canzone per te' com Roberto Carlos cantando em italiano ir para o 1o. lugar aqui no Brasil, na verdade, a musica italiana estava sendo empurrada p'ra fora pela 'invasão da musica anglo-americana' que a partir de 1968 tinha, pelo menos, duas rádios em São Paulo que tocavam exclusivamente musicas em inglês: Radio Excelsior e Radio Difusora. Era o fim do domínio italiano de nossas paradas. 

Apesar disso, San Remo 1968 foi forte no quesito 'melodia', pois além da linda 'Canzone per te', ainda deu ao mundo 'Gli occhi miei', que Tom Jones verteu para o inglês como 'Help yourself' e se tornou sua 'signature melody'. 'Quando m' innamoro', que Engelbert Humperdinck transformou em 'A man without love'. 'La tramontana', que foi p'ro 1o. lugar na Italia com Antoine, o 'Bob Dylan francês'. 'Deborah' defendida por Wilson Pickett e gravada por MinaFausto Leali e outros. 'La siepe', uma linda melodia literalmente berrada por Al Bano, além de 'Canzone' de Don Backy, que se tornou um classico instantâneamente. Enfim, San Remo 1968 foi muito bom... mas aqui no Brasil, fora o 'azarão' Roberto Carlos, nada aconteceu.

Esse LP da Som Maior é indicativo de como funcionavam as gravadoras em relação ao Festival di San Remo. As maioria das gravadoras italianas montavam um esquema de gravar o maior numero de melodias apresentadas em San Remo que elas pudessem. Mesmo as 'nanicas', como é o caso aqui, uma gravadora chamada C.D.M. Telerecord, que contratou um maestro, provavelmente desempregado, deu-lhe a tarefa de arranjar 24 musicas, contratar dois ou três cantores, cujos nomes nem aparecem no disco, e ... pronto, já temos um LP prontinho para lançamento na Itália e em outros países. Aqui no Brasil, a Som Maior, também 'nanica', pega a matriz que veio via aérea pela Alitalia, prensa alguns milhares de LPs que são distribuídos pelas lojas das cidades.

Assim era em 1968... a musica italiana perdendo seu lugar de 'rainha' no Brasil.

2 comments:

  1. Molto bene! Apenas um detalhe: "Gli Occhi Miei" foi gravada por Tom Jones não como "It's Not Unusual" e sim "Help Yourself". Por sua vez, "It's Not Unusual" ganhou versão italiana inversa, "Non è Normale", gravada por Little Tony. (Sim, raramente as "versioni italiani" eram fieis às letras originais...)

    Un e-abbraccio,

    Ayrton

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  2. Grazie mile, Ayrton...antigamente eu confundia essas 2 músicas ('It's not unusual' & 'Help yourself')...qdo percebi o erro, eu corrigi em alguns lugares... outros 'escaparam'. Obrigado pelo aviso... Ontem eu confundi Charlie Parker (saxofonista) com Charlie Byrd (que tocou 'Desafinado' na guitarra com o Stan Getz)...espero que Dr. Alzheimer não esteja batendo à porta...

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