Thursday, August 21, 2014

No tempo que a musica italiana imperava no Brasil

Fans' scrap-books are the best way to judge how successful one was at a certain time. Here's some examples of how successful Italian music was in Brazil between 1963 and 1967.

Rita Pavone was absolute Number One in 1964.
Nico Fidenco the 1st Italian act to break into the Brazilian market with 'Legata a un granello di sabbia'.
Gianni Morandi, #1 with 'In ginocchio da te' - John Foster also #1 with 'Amore scusami'.
Sergio Endrigo visited Brazil a few weeks before the April 1964 military coup; Michele was in S.Paulo in 1965.

Catherine Spaak's 'L'esercito del surf' seldom played on the radio for Wanderlea's cover took over - Giancarlo Guardabassi's 'Se ti senti sola'.
Edoardo Vianello's 'Tremarella' - Pino Donaggio was king with 'Io che non vivo'.
Nico Fidenco's 'Ciò che rimane alla fine di un amore'; Mina's only hit in Brazil: 'È l'uomo per me'. 

Wilton Sevira & Lulu Pavone fazem reminiscências sobre 1964-1965

Viver é sempre bom.  Eu fiquei muito triste com a morte do Walter Tsutsui, em 16 Abril 2021,  principalmente pq o conhecia desde 1962; o pai dele, seu Massao, tinha um armazém na rua Simpatia, onde eu morava na Vila Madalena. Ele estudava de manhã e tomava conta do armazém do pai durante o período da tarde. Eu o conhecia de vista, mas nunca fomos 'amigos', já que eu era meio 'fechado', trabalhava desde meus 12 anos e não 'frequentava' a rua. 

Isso até Setembro de 1964, qdo eu comprei uma vitrola 'A Voz de Ouro ABC' e o LP 'Meus 18 anos' e tocava o disco à exaustão. Walter escutou lá do armazém, que eram 3 casas acima na rua, e falou com minha Mãe (que era freguesa do seu Massao) que gostaria de conversar comigo. Um dia, voltando do laboratório onde trampava, ele estava me esperando perto da entrada de casa e conversamos.  Ele estava com um jornal na mão, com uma foto dos Beatles, mas o assunto nosso foi Rita Pavone, pois ele disse que tinha o 1o. LP da Pavone, que eu ainda não tinha. Ele acabou me emprestando o 1o. e eu emprestei o 2o.  

Depois disso nossa amizade se solidificou; ele me convidou para visitar a casa dele (que era relativamente longe, no outro lado da Vila Madalena, perto do Sumarezinho) num sábado para ouvir os discos que ele tinha.  Era ele, o filho mais velho, a Edna, que devia ter 2 anos menos que ele, um rapazinho chamado Wilton e a caçulinha, Cecília, que devia ter uns 8 ou 9 anos. Ah, havia uma velhinha japonesa na casa tb., que ele chamava de avó. Não sei se por parte da mãe ou do pai. 

Com o passar do tempo Walter foi diversificando seu gosto, se tornou fã dos Rolling Stones, e eu acabei 'embarcando' nessa tb. Enfim, nós nos complementávamos. Algumas vezes íamos ao cinema juntos, mas nosso negócio era principalmente discos e música. Sempre estrangeira.  

Em 1967, o Rita Pavone Fã Clube (de São Carlos) promoveu um 'Incontro di fans di Rita' em São Paulo, e eu pedi ao Walter se poderia ser na casa dele, que era bem grande, com uma sala-de-estar enorme, onde havia uma vitrola grande num canto e um piano do outro lado. Ele falou com a família, que concordou, e o encontro foi histórico;  temos fotos do evento até hoje.
I Incontro di fans di Rita Pavone - 1967 - realizado na casa de Walter Tsutsui na Rua Girassol, Vila Madalena. Walter Teruo é o rapaz de pé, à esquerda; Sandra Pisani Meneguetti, Silvia Paulo Jentsch; sentados estão: Luiz Carlos Marra, Luiz Carlos Amorim & Maria de Lourdes Pelaes.  

Em 1968, a gente meio que se afastou; em 1969 minha familia mudou-se da Vila Madalena e eu acabei me afastando mais ainda dele. Um dia fui assistir 'Satyricon' de Fellini, e o encontrei na fila para ver o mesmo filme no Cine Belas Artes; ele me apresentou a Wilma, sua futura esposa, mas ficou por isso mesmo. Em 1971 eu fui p'ros USA e acabei perdendo contato com ele.

Assim foi nossa amizade. Já nos anos 90s, o pai do Walter comprou um armazém aqui no Rio Pequeno, em sociedade com outros japoneses; era um 'mercadinho' chamado 3-Ms. Certo dia minha Mãe foi lá e a dona Ester (mãe do Walter) estava no caixa, reconheceu minha Mãe, contou p'ro Walter, que pediu meu telefone e nós conversamos ao telefone.

Aí, já no século 21, qdo Walter já estava aposentado e eu tinha voltado da Australia, eu comecei a frequentar a casa dele no Bairro do Limão. Veja que coisa incrível; parecia que tínhamos voltado 30 anos no tempo. Wilma ainda trabalhava de secretária na USP. Eu chegava no Walter as 9 horas da manhã e saía de lá as 14 horas. Já era tempo de computador e Walter sabia como baixar músicas etc. Nossa amizade voltou forte como nos anos 60s. Eu me beneficiei enormemente pois saía de lá com vários CDs gravados, que eu ainda guardo com muito carinho.
 
Depois de 2013-2014 com o agravamento da crise política nacional e o advento do Ódio que caracterizou esse período (que ainda não acabou) eu me afastei do Walter, pois nós tínhamos opiniões opostas. Mesmo assim não brigamos, nem discutimos. Simplesmente nos afastamos. A ultima vez que eu o vi, foi na apresentação da Rita Pavone em São Paulo em 17 Maio 2018. Nos falamos superficialmente pois todos estávamos preocupados em achar nossos respectivos lugares no enorme Tom Brasil; ele e Wilma chegaram ao local, região de Santo Amaro e Granja Julieta, no mesmo taxi com Doris e Luiz. Me parece que o motorista era conhecido dele e Walter convidou Doris e Luiz, que moram em uma rua próxima de sua casa. Nunca imaginei que seria a ultima vez que eu o veria.

E agora, aconteceu essa desgraça; muito triste. O pior de tudo é que enquanto Walter estava internado na UTI por Covid, eu, também, estava com o vírus. Só que devido ao fato de eu ter me vacinado alguns dias antes de me infectar, os sintomas não foram tão devastadores e eu não precisei de internação. Estou em franca recuperação... graças a Deus. 

Fiz uma pequena homenagem ao Walter e seu passamento no Facebook e, eis que própria Rita Pavone se manifestou sobre o falecimento dele. De certa maneira, parecia que Rita tinha se debruçado no ombro do Walter, e cantado aquela música novamente, como aconteceu naquela noite de 27 Abril 1965, no Teatro Record; Walter sentado à minha esquerda, e a Rita Pavone cantando apoiada nos ombros dele. Eu morri de inveja... rs.
 
resposta do Wilton:

Realmente Lu, a morte do Walter foi uma coisa inesperada. Eu, as vezes, conversava com ele por telefone, e ele me dizia que só saia de casa uma vez por semana p'ra ir à feira, mesmo assim só ia nas primeiras barracas, mas que ele estava se cuidando. Esse vírus não tem a menor lógica. Tenho vários amigos que pegaram; graças a Deus a maioria conseguiu voltar pra casa, mesmo ficando longo tempo hospitalizados.

Eu estou bem. Realmente houve uma breve parada cardíaca, mas meu cardiologista não se preocupou. Disse que deve ter sido uma apneia. Segunda-feira volto ao médico que me operou pra ver se está tudo no lugar.

Quanto a música 'Ti ringrazio perchè', eu consegui as músicas daquele LP. Lá tem vários maestros, principalmente Luis Enriquez e Ennio Morricone, mas tem duas que não são com eles.' La verità' com Carlo Pes e 'Ti ringrazio perchè' com Giampiero Reverberi. De qualquer forma, estou te mandando no anexo. Se quiser mais alguma é só falar.
oi Wilton,

obrigado pelo envio de 'Ti ringrazio perchè'. Sim, eu errei... não é o Luis Enriquez, mas o Gian Piero Reverberi e sua orquestra; eram dois irmãos músicos (o outro se chamava Gianfranco Reverberi) que trabalhavam juntos. Eles 'descobriram' o Michele e produziram todos seus discos. 

Aliás, eu fiquei fã do Michele, justamente por causa do Walter. Ele comprou o 1o. LP do Michele, que era ótimo; todas as músicas eram boas. As vezes ele me emprestava o LP, eu levava p'ra minha casa, ouvia 2 semanas e devolvia. Nem gravador tinhamos em 1964-1965. Walter tb. comprou o LP 'Se non avessi più te' do Gianni Morandi, além dos Rokes. Só o Walter tinha esse LP. Eu demorei anos para conseguir o 1o. LP deles, que é ótimo. A maioria das músicas em inglês ainda. 

Já que v. ofereceu, eu gostaria de poder ouvir 'Annamaria' e 'Era d'estate'. Sergio Endrigo era o meu favorito depois da Rita... 

Obrigadissimo pelo envio dessas duas pérolas. A que ficou melhor foi 'Annamaria'; o solo de piano caiu como uma luva em cima do play-back q era para a voz do Sergio Endrigo. Sua mulher se chamava Maria Giulia. 

'Era d'estate' me fez viajar no tempo. Eu morava na Rua Simpatia, na Vila Madalena (como disse na descrição de minha amizade com o Walter). Nós morávamos no 2o andar de um sobradinho; havia uma sacada que dava para a rua e, de lá de cima, dava para ver o Cemitério São Paulo,  a igreja do Calvário e olhando-se para a direita dava para ver Pinheiros e até Osasco lá no fundo.

Todo domingo eu levantava cedo, ia à missa da 7 no Calvário, voltava p'ra casa e ligava o radio para acompanhar as várias paradas de sucessos que existiam na Radio Nacional Paulista, na Bandeirantes, Excelsior etc. Era maio-junho 1964 e a música italiana reinava suprema. 

No período da tarde, geralmente, eu ia ao 'cinema-do-padre', um cine de porte médio anexado à Igreja do Calvário, assistir Gordo & Magro, Mazzaroppi, Jerry Lewis etc. Ao cair da noite (no inverno) voltava do 'cineminha', jantava e já me preparava para ouvir uma outra Parada de Sucessos, essa na Radio Cultura, que começava as 17:00 e ia até as 19:00 qdo já tinha escurecido. 

Nessa Parada da Cultura eles apresentavam os 25 compactos mais vendidos, em ordem decrescente, e quando chegava no final, antes de tocarem a campeã da semana, eles tocavam um música do compacto-duplo mais vendido e logo em seguida uma faixa do LP mais vendido. 

Quando não era Rita Pavone, era algum cantor italiano, e me lembro distintamente que o LP de coletânea 'Gioventù' estava em 1o. lugar e eles tocaram 'Era d'estate' (era verão) com o Sergio Endrigo. Sabe aqueles momentos que a gente nunca esquece na vida, mesmo que não sejam momentos 'importantes'?  Pois me lembro de estar ouvindo 'Era d'estate' lá na sacada, vendo quase tudo já negro pela noite. Walter comprou esse LP. Eu era pobre e comprava 1 LP por mês;  o Walter era 'abonado' e comprava muito mais que eu.

Outra música dessa época que me 'corta o coração' é 'Ciò che rimane alla fine di un amore' (Isso é o que resta do fim de um amor - uma pequena sinfonia), do LP 'Gioventù', com o Nico Fidenco.

Já que  falo de minhas 'músicas inesquecíveis'; outra que me lembra o Walter em particular é 'Stringiti alla mia mano' (Prenda-se à minha mão) que tinha no LP coletânea 'Alta Pressione',  que o Walter também tinha. Essa música eu ligo a ele pessoalmente. Miranda Martino canta (e encanta), mas quem compôs foi Nico Fidenco, que era muitíssimo inspirado.
Esse foi meu sonho de consumo em Setembro 1964. Comprei vitrola 'A Voz de Ouro ABC', série Isabela II, à prestações na Casa Berk, na Rua Theodoro Sampaio, entre as ruas Simão Álvares e Morato Coelho. Prestou anos de serviços prazeirosos. O espaço à direita era para guardar LPs. No final de Dezembro 1964, eu já tinha 4 albuns: 'Meus 18 anos', 'Rita Pavone', 'Via Tiburtina km 12' e 'The International Teen-age Sensation'. 
 
Wilton responde: 

Como eu gosto de ler seus textos. Essas recordações soam p'ra mim muito bem. Eu também tenho algumas lembranças daquele período, principalmente pela dificuldade em comprar discos. Eu era office-boy e quando estava na rua, passava pelas lojas de discos, e pedia para ouvir naquelas cabines que algumas tinham. Ficava um tempão ouvindo e depois não levava nada.

Eu me lembro muito do primeiro LP de músicas italianas que comprei. Era a coletânea (compilation) 'Benissimo' de 1964, que tinha entre todas as músicas maravilhosas, 'L'amore mio' e 'San Francesco' com a Rita. Mas tinha uma que me tocava muito e até hoje eu gosto muito e me faz lembrar daquela época: 'Eravamo amici' com o cantor Dino. Todas as gravações que encontrei dessa música são em mono. Mas ela existe nos arquivos da RCA em estéreo, porque, uma única vez, eu consegui achar, só que para minha grande decepção, só veio a primeira parte da música, cortaram o resto. Eu também adoro 'Ciò che rimane...' do Nico Fidenco.  Não entendo a letra, mas pela melodia acho uma música muito triste, mas muito linda.

Eu cheguei a pedir num programa da Radio Bandeirantes a musica 'Ma dai', do Nico Fidenco, porque eu nunca tinha ouvido antes, e sabia que era o lado B de 'A casa d'Irene'. Grande época que não volta mais, mas que deixou muitas lembranças boas.

Wilton, 

Eu conheço todas as músicas do 'Benissimo', pois tocava esses LPs à exaustão... me lembro de 'Eravamo amici', pois o arranjo do Morricone era bem diferente; no começo eu não gostava muito, mas aos poucos fui gostando bastante. Existe uma gravação com The Rokes, pois a melodia foi escrita pelo Shel Carson, o cara alto dos Rokes. 

Por falar em pedir musicas por telefone, eu trabalhava num laboratório de análises na Rua Theodoro Sampaio; no inicio (1962-1963) era só na parte da tarde, mas a partir de 1964 eu entrava as 8:00 da manhã; ia almoçar em casa e voltava as 13:00 p'ro periodo da tarde. Eu ficava, praticamente, sozinho a maior parte do tempo pois o médico só aparecia de tarde.  Tinha um radio vermelho lá (com o 'casco' de plástico), que um colega levou e deixou na cozinha, que era onde eu lavava os vidros de cocô, xixi, sangue etc. Escutava radio o dia inteiro; das 8:00 da manhã até as 17:30, quando saía correndo para não perder as aulas de ginásio no período da noite. 

Havia um programa na Radio Piratininga entre 9:00 e 10:00 horas da manhã, onde podia-se fazer pedidos de músicas. Era dificil você conseguir ligação, mas eu ficava o tempo todo do programa tentando. Acho que consegui umas 3 ou 4 vezes. Todas as vezes eu pedi músicas da Rita, é obvio. Se não me engano era o Ferreira Martins que apresentava o programa. Ele voltava no período da tarde, a partir das 15:00 para seu 'Programa da Juventude', onde ele recebia e entrevistava o Roberto Carlos, Erasmo, Wanderléa e o pessoal da Jovem Guarda. isso tudo antes de 22 Agosto 1965 quando todos eles se tornaram celebridades pelo programa de TV. 

Wilton responde:

Sim, 'Eravamo amici' não era uma musica muito alegre, mas eu gostava principalmente da segunda parte. Acho que nem o Dino gostava da música, porque nos anos 90 ele lançou dois CDs com remakes de gravações suas e de outros cantores italianos, e não a incluiu. No anexo vc encontra a base com Morricone.

Foi no programa do Ferreira Martins que eu fiz o pedido musical do Nico Fidenco, mas na minha memória era na Rádio Bandeirantes. Eu fui na Cia Telefônica, na Rua 7 de Abril, p'ra fazer a ligação, porque não tinha nem de longe telefone perto de casa.

Inclusive tinha outro programa na Bandeirantes apresentado pelo Enzo de Almeida Passos, que todo dia tocava as mais vendidas (LP, compacto simples e compacto-duplo). Me lembro que  Rita ficou várias semanas em primeiro lugar com 'Cuore' em compacto-duplo, e também da minha frustração, quando pela primeira vez foi suplantada e ficou em segundo lugar. Curioso que não me lembro qual a música que a suplantou.

Sim, eu tenho a versão em espanhol com o Dino. Tenho também uma versão em francês com a Françoise Hardy. Mando no anexo também pra vc conhecer. Tenha um excelente domingo Lu, abraços.

Wilton,
 
Grazie per le due canzoni. A versão da Françoise ficou supimpa. O andamento é mais alegre que aquele do Morricone... gostei bastante. Pena que não entendo francês.

N.B.: esse programa na Radio Bandeirantes não era com o Enzo de Almeida Passos (que era o titular de 'Telefone pedindo bis', na parte da tarde). Esse programa de meia-hora (acho que começava as 9:00 e ia até 9:30) dava o tempo exato de apresentar 5 musicas.

O titular era o Ricardo Macedo, irmão mais novo dos pioneiros Fausto Macedo (o primeiro radialista brasileiro a apresentar uma Parada de Sucessos, em 1948, na Radio Excelsior) e Renato Macedo - que nos anos 1970s apresentava 'vignetes' durante a programação normal da Radio Record, comentando filmes que estavam passando pela cidade; ele tinha um bordão engraçado: não se engane com esse 'lixo'. Ricardo Macedo é quem fazia as pesquisas nas lojas de discos e apresentava as 25 mais no domingo de manhã das 10:00 ao meio-dia. Durante a semana o Ricardo Macedo apresentava essas meia-horas divididas assim:

2a. feira - compactos-duplos mais vendidos - da 10a. posição à 6a. posição.
3a. feira - compactos-duplos da 5a. à 1a. posição
4a. feita - long-plays mais vendidos - da 10a. à 6a. posição
5a. feira - LPs da 5a. ao 1o. lugar
6a. feira - compactos simples mais vendidos da semana anterior - do 10o. lugar ao 6o.
sábado  -  compactos-simples da 5a posição à 1a. 

Ouvindo esses programas diários eu aprendi a gostar de MPB também, pois se vendia muitos LPs de MPB (Bossa Nova) naquele tempo. Aprendi a gostar de Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, 'O Fino da Bossa', LP que tinha pérolas como Ana Lúcia, Alaíde Costa, Wanda etc.

Nos compactos-duplos, as vezes, ele apresentava aquele 'passarinheiro' alemão que gravava os pios dos pássaros e punha acompanhamento musical. Aquilo vendia muito tb., mas nunca tocava no radio, exceto no programa do Ricardo Macedo. O nome do engenheiro que bolou esse 'som' era Johan Dalgas Frisch. Não sei se v. se lembra. Ouvir a Parada dos LPs era ficar culto, pois havia muita variedade.

Em 1964, Rita estava sempre em 1o. lugar, além de aparecer nos LPs de coletânea tb. que ficavam nas posições mais altas, principalmente 'Gioventù', 'Benissimo', 'Ti amo' etc. A minha coletânea favorita sempre foi 'Via Tiburtina km 12'. 

Wilson responde: 

Como sempre sua memória é muito melhor que a minha. P'ra mim era o Enzo. Não me lembro do nome Ricardo Macedo. Mas você deu a ficha completa. Lembro sim do Johan Dalgas Frisch com seus cantos de passarinhos. Na época já era uma raridade ter esse tipo de som tocado numa rádio, imagine hoje em dia. (trocar o funk pelo canto de pássaros???? Um ultraje, rs)

Eu também sou fã do 'Via Tiburtina km.12'. Foi um dos discos que comprei logo depois do Benissimo. E as demais coletâneas italianas 'Giuventu', 'Ti amo', 'Fortissimo', 'Gli anni moderni'. Que seleção musical tinham esses discos.

Na parte brasileira, eu já gostava da Jovem Guarda. Não era muito ligado em MPB, pois eram músicas mais sofisticadas para os jovens daquela época. Mas tudo passa e a gente vai se modificando também.

Lu, foi um grande prazer falar com você mesmo que virtual mais uma vez. Espero que passe logo essa pandemia. Podemos marcar um encontro pessoal e relembrar esses memoráveis tempos incríveis. Quando puder, ou precisar de alguma coisa, pode escrever a vontade. Fico muito feliz.

This dialogue took place in early May 2021

Thursday, August 7, 2014

MINA in Brazil

Mina is arguably Italy's greatest pop singer in the post-World War II era. Mina has been the most popular Italian performer in the second part of the XX century. No doubt about it. 

Even though Mina was tremendously successful in Italy her greatness could never be properly translated to other languages and cultures. It's not that she had not hit outside Italy. Mina was #1 in Germany with 'Heisser sand' in 1962. But it seems like that was a one-off affair. 

Italian acts of all sorts invaded Brazil and most of Latin America circa 1963-1964. But Mina was nowhere to be seen. Maybe because Mina got pregnant around this time.  

Circa 1964, I used to listen to Brazilian hit-parade on the radio every Sunday morning and was flabbergasted by the myriads of new Italian acts like Sergio EndrigoMichele, Gino Paoli, Nico Fidenco, Rita PavoneEdoardo Vianello, Ornella Vanoni, Bobby Solo etc. After listening to so many Italian acts one had a wish to visit Italy and learn the language properly. 

In late 1964, Mina had a medium-sized hit with 'È l'uomo per me' that reached #8 at the Brazilian charts. 'È l'uomo per me' was a cover of Jody Miller's 'He walks like a man' written by Diane Hilderbrand and adapted to Italian by Gaspare Gabriele Abbate & Vito Pallavinici; arranged by Augusto Martelli. This was Mina's only chart entry at the Brazilian Hit Parade while the so-called Italian-music Invasion lasted - roughly from late 1963 through to 1967.  

In mid-1966, TV Tupi in São Paulo started beaming an edited version of 'Studio Uno 1965' on Wednesday nights. I was taken aback by the enormity of Mina's talent. I could not understand why Fermata Records - which pressed Ri-Fi's singles in Brazil - would not release Mina's 'Un anno d'amore' that had been #1 in Italy in 1965 and was featured prominently in the TV show.

I kept on watching 'Studio Uno 1965' until it was pulled out off the air due to a judicial injunction put in a Federal Court by the Union of Journalists of São Paulo against the import of foreign musical TV shows. It claimed that foreign singers shown on video-tapes imported from abroad were taking employment from Brazilian performers. 

I don't know whether that was right or wrong. I only know that they took 'Studio Uno' off the air and I never saw Mina again. 
Mina's singles in Brazil 

'È l'uomo per me' was Mina's only hit in the 1960s in Brazil.

FB-33-76 - So che non è così / È l'uomo per me (He walks like a man) (Ri-Fi-Fermata) '64
FB-33-84 - Un buco nella sabbia / Se mi compri un gelato (Ri-Fi-Fermata) 1964 
FB-33.97 - Se piangi, se ridi / Più di te (Ri-Fi-Fermata) 1965 

1.102 - Amore di tabacco / Rapsodie (Italdisc-Mocambo) 1965

FB-33.289 - C'è più samba (Tem mais samba) / La voce del silenzio  (PDU-Fermata) 1968
FB-33-295 - La canzone di Marinella / I discorsi (Ri-Fi-Fermata) 1968 
FB-33.305 - Sacumdi sacumdà (Nem vem que não tem) / Zum zum zum  (PDU-Fermata) 1969 
FB-33-410 - Amor mio / Capirò (PDU-Fermata) 1971 

7I 3331 - Parole, parole / Grande, grande, grande (Odeon) 1972
7I 3350 - Eccomi / Domenica sera (Odeon) 1973
'È l'uomo per me' (FB-33-76)
'Un buco nella sabbia' (FB-33-84) had hardly any air-play in 1964, a very competitive year for Italian releases in Brazil. 
'Se piangi, se ridi' (FB-33-97) 1965
'Amore di tabaco' / 'Rapsodie' - 1.102 Mocambo -  1965
'C'è più samba' (Tem mais samba) (FB-33-289) 1968
'C'è più samba' / 'La voce del silencio'
'La canzone di Marinella' (FB-33-295) 1968
'Sacumdi sacumdá' (Nem vem que não tem) FB-22-305 - 1969
'Amor mio' (FB-33-410) 1971.
'Parole, parole' / 'Grande grande grande' - 7I 3331 Odeon - 1972
'Eccomi' / 'Domenica sera' - 7I 3350  Odeon - 1973
12 January 1969 - daily O Estado de Sao Paulo music columnist Carlos Vergueiro reviews Fermata's release of Mina's single 'Sacumdi sacumdá' b/w 'Zum zum zum'; at the same page a note about Milva's attempting against her own life according to ANSA. 

Mina's albums in Brazil 

SLP-9121 - Mina com a orquestra de Tony Vita - Philips-CBD - 1960

FB-99 - Mina -  Ri-Fi-Fermata - 1964 

LP-40.271 -  Rapsodie - Italdisc-Mocambo - 1965

FB-228 - Mina ao vivo - PDU-Fermata - 1968 
FB-268 - Mina - PDU-Fermata - 1970 

SMOFB-470  - Parole parole - EMI-Odeon - 1973 

3-18-404-003 - Mina Sudamerica - Ri-Fi-Continental - 1974

3-20-407-005 - Mina - incluindo 'Una casa in cima al mondo' - Ri-Fi-Continental - 1976 

3-20-407-011 - Mina internazionale - Ri-Fi-Continental - 1976 

144715 - Kyrie - Mina - Epic - 1981

SLP-9121 - Mina com Orquestra de Tony De Vita - 1960 - released by Dutch Philips is actually the Italian 'Il cielo in un stanza' with a different sleeve.

Mina (FB-99) - 1964 - Fermata releases the album Mina recorded for Ri-Fi her new record label. Unfortunately it was a wrong move. Brazilians were under the spell of Italian music in 1964 and not interested in English or Spanish songs. There was no way any of these tracks would be played on the radio... apart from 'E se domani'. 
LP-40.271 - Mocambo-Rozenblit  released this album in late 1965. It is hard to understand why it took so long for them to do so when they had Italdisc's franchising. Repertoire is really good but due to Mocambo's being a 2nd-tier record label it didn't get much air-play at all.  
Mina ao vivo - Mina alla Bussola dal vivo (FB-228) - 1968
1968's 'Mina ao vivo' released by PDU- Fermata
FB-268 - 'Mina' aka 'Mina 1970' or 'Com açucar, com afeto' a Brazilian tune written by Chico Buarque featured in the album. This album was actually released in Italy in 1969 as 'Bugiardo più che mai... inconsciente più che mai...' from 'Bugiardo e incosciente' written by Joan Manuel Serrat & Paolo Limiti.

SMOFB-470  - Parole parole - EMI-Odeon - 1973 - This is probably Mina's most successful record in Brazil. 'Parole, parole' played a lot on the radio and the album rendered 2 singles. 

3-18-404-003 - Mina SudAmerica - released by Contiental Discos in 1974. Most of it was recorded in the 1960s. Mina sings mostly in Spanish which is an easier language than Portuguese; even though 'Ninguém me ama' is listed in Portuguese it is actually sung in Spanish and should read 'Nadie me ama'; 'Caminemos' is Heriveldo Martins' 'Caminhemos' sung in Spanish; the only one sung in Portuguese is 'Insensatez'. The best track is undoubtedly 'Uno' where Mina gives her all.

3-20-407-005 - Mina incluindo 'Una casa in cima al mondo' - Ri-Fi-Continental - 1976. Brazilian labels like Fermata and Continental were so clueless they could not even conceive proper titles for Mina's albums. She had 5 albums called simply 'Mina'. This one was at least 10 years overdue! This is 'Mina's Ri-Fi's Greatest Hits'. Side A: 1. Una casa in cima al mondo 2. Nel fondo del mio cuore 3. Mi sei scoppiato dentro il cuore 4. Tu non credi più 5. Un anno d'amore 6. Soli; Side B: 1. Se piangi, se ridi 2. Sono come tu mi vuoi 3. Ora o mai più 4. L'immensità 5. L'ultima occasione 6. Un bacio è troppo poco 

Comments on Mina's albums released in Brazil 


Mina's Album Discography in Brazil is mind-boggling. It is almost unimaginable that record executives could be so blind as to miss so many opportunities to sell... records. In 1960, Dutch record company Philips released 'Mina com Orquestra de Tony de Vita' which is exactly Italdisc's 'Il cielo in una stanza' released a few months before in Italy. Nothing came of it. Brazil was really into its own music around 1960.

Then, circa 1963 things had changed dramatically. While Mina was giving birth to her son Massimiliano in 18 April 1963, there was an invasion of Italian pop music going on in Brazil and South America. 

1964 is the biggest year for Italian music in Latin America, but Mina was nowhere to be seen. 'Città vuota'/'È inutile' had been a double-sided hit for her in Italy in late 1963 but it was never released in Brazil. In May 1964, Mina was #1 in Italy with 'È l'uomo per me' which was (finally) pressed by Fermata do Brasil as a single and had quite a bit of air-play later in the year. 

In the meantime, Mocambo-Rozenblit Records released 'Rapsodie', a collection of hits she had at Italdisc. It had no air-play maybe because Mocambo was an out-of-town label - their offices and factory were situated in Recife-PE.  

1965 was definitely Mina's biggest year in Italy. 'Un anno d'amore', a powerful French ballad covered marvelously by Mina stays at #1 forever in Italy, but Fermata does not release it as a single.

Then, in 1966, TV Tupi, a S.Paulo TV station starts beaming an edited version of 'Studio Uno 1965' every Wednesday night. Suddenly Mina rules the TV waves in Brazil for a few weeks until the programme is banned from being shown due to a judiciary decision made in favour of a group of Brazilian TV employees who claimed a foreign-made TV musical was taking jobs away from them.

While 'Studio Uno' was being shown on Brazilian TV, Mina was suddenly 'discovered' by dumb-struck Brazilians as the greatest thing since sliced-bred. Fermata could have released an album with Mina's greatest hits but they did nothing at all.

By 1967 the tide was changing against Italian music... and by 1968, Anglo-American music started dominating Brazilian charts and that's all she wrote. 

In 1968, against the tide, Fermata releases 'Mina ao vivo' (Mina alla Bussola dal vivo). Too little, too late. 

In 1970, Fermata releases 'Mina 1970' which was Italy's 1969's 'Bugiardo più che mai... inconsciente più che mai...'. 'Non credere' had some air-play in a tsunami of Anglo-American hits. 

In 1972 EMI-Odeon released 'Parole, parole' as a single. It played so much on the radio that they released the album in 1973. This is probably Mina's greatest hit in Brazil ever. 

In 1974, Continental Discos released 'Mina Sudamerica' with Latin American and Brazilian hits recorded earlier in the 1960s by her. I don't know the rationale behind such a release. Well, maybe as Continental got Ri-Fi's back-catalogue it decided to do something about an Italian singer who could also sing the best Latin American evergreens. I guess that's a fairly good reason. 

In 1976, Continental Discos did what Fermata should have done 10 years before while the iron was red-hot: it released 'Mina, contendo 'Una casa in cima al mondo' featuring 12 tracks of the best of Mina's years at Ri-Fi's which for me were her best years ever. Pearls such as 'Soli', 'Un anno d'amore', 'Un bacio è troppo poco' were heard in Brazil for the first time... unless one had imported Mina's original discs from Italy. 1976 was the beginning of the discotheque craze so a 'Mina's Greatest Hits' album was a bit out of place there. But then again, better late than ever! Uffa!!! 


http://staseraioqui.altervista.org/varie/albumbrasile.html

Mina's extended-plays in Brazil 

DC 330.028 Philips - Festival de San Remo 66
Una casa in cima al mondo (Donaggio) Mina / Io ti darò di più  - Memo Remigi / Dio, come ti amo - Iva Zanicchi / Adesso si - Remo Remigi

DC 339.005 Philips - Ma pecché (Vian-Fiore) Iva Zanicchi / Se non ci fossi tu (Pallavicini-Tusca) Mina / Sono come tu mi vuoi (Canfora-Amurri-Udo Jürgens) Mina / Tu saiè la verita ( N.D'Alessio-A.Mazzucchi) Iva Zanicchi - 1966 -

EPE-609 PDU-Fermata-1969 -  Vorrei che fosse amore / Caro / Nè come nè perchè / Niente di niente 

EPE-629 PDU-Fermata-1971 - Dominga / Que maravilha / Canto de Ossanha / Tem mais samba.
Festival de San Remo 66 - Philips EP DC-330.028; Mina sings 'Una casa in cima al mondo'.
XIV Festival de Nápoles - Philips EP DC-339.005; 2 songs by Iva Zanicchi and 2 by Mina.
EPE-609 - PDU-Fermata
EPE-629 PDU-Fermata-1971.

Mina in Brazilian compilation albums 


LPG-46.613 - Die Grosse Star Parade 2 - various German - Mina sings 'Heisser Sand' - Polydor 1963.

FB-108 - XV Festival San Remo - various - Mina sings 'Se piangi, se ridi' - Fermata 1965

Die Grosse Star Parade 2 -  Polydor LPG-46.613 - German Polydor compilation album had: 'Eine Insel für Zwei' (Uma ilha para dois) Connie Francis; 'Afrikaan Beat' Bert Kaempfert; 'Heisser Sand' (Areia quente) Mina; 'Tanz mit mir' (Dance comigo) Peter Alexander; 'Ein Herz, das kann man nicht kaufen' (Um coração que não se compra) Margot Eskens; 'Wann komt das Glück auch zu mir' (Quando a felicidade chega mesmo) Freddy; Zwei kleine Italianer (Dois italianinhos) Blue Capris; 'Und ein Lied klingt durch das Tal' (E uma canção soou no vale) Lolita; 'Ein junges Herz' (Um jovem coração) Peter Kraus among others.

XV Festival San Remo (FB-108) - 1965.

Miscelaneous 

Philips's Argentine pressing of 'Mina con la orquestra de Tony Vita' (P-13930 L) is almost the same as the  one released in Brazil - except for the photo on the cover. Argentinians though translate the song titles into Spanish giving the impression they are rendered in that language which is not the truth. The liner notes say Mina had already been to Buenos Aires in 1960. 

1. Il cielo in una stanza (Un cielo para los dos)
2. Pesci rossi (Peces rojos)
3. Briciole di baci (Pedacitos de besos)
4. Ho paura (Tengo miedo)
5. Personalità (Personalidad)
6. La nonna Magdalena (La abuela Magdalena

1. Coriolandi (Coriandros)
2. Una zebra a pois (A cebra a lunares)
3. Invoco te (Te invoco)
4. Rossetto sul coletto (Rouge sobre el cuello)
5. Serafino Campanaro 
6. Un piccolo raggio di luna (Pequeño rayo de luna

Mina es una hermosa italianita que pisa los véinte años, dinámica y resuelta. Sus denodados esfuerzos para labrarse un camino en la canción popular moderna, la llevaron en forma meteórica al peldaño superior de escalera de la fama. Pasó en pocos años a ser el ídolo de las juventudes italianas, logro al que intenta dar carácter internacional en su primera presentación en Buenos Aires. 

Su presencia en los primeros festivales mundiales de la canción ha sido siempre recibida por renovado entusiasmo y su graciosa figurita ha sido repetidas veces coronada con los laureles del suceso. 

Philips se honra en entregar su primero LP para el 'sello de las estrellas' cuyo exito agregará nuevas glórias a la rutilante estrellita italiana. 
Brazilian Philips used part of this photo as the sleeve of Mina's 1st album released in Brazil in 1960.
even though Mina never broke through into the Brazilian charts in Brazil, revista Melodias printed news (and a photo) about Mina's having had given birth to Massimiliano on 18 April 1963, in its 'Melodias Italianas' page.
Mina at the helm of Studio Uno 1965
Mina being kissed by Adriano Celentano in 1961.
Bruno Canfora and Mina in December 1961